A proteína C é componente inato do sistema de anticoagulação endógeno, tendo atividade fibrinolítica e antitrombótica, além de atuar como anti-inflamatório. O estado pró-inflamatório e pró-trombótico próprio da sepse inibe a formação da proteína C a partir de seus precursores, estando em níveis diminuídos nesses casos. Diante desse contexto, pensou-se que repondo a proteína poderia-se frear em parte a cascata inflamatória da sepse, melhorando o desfecho dos pacientes.
Conforme sua validação no estudo PROWESS e aprovação pelo FDA, em novembro de 2001, a alfa-drotrecogina ativada ficou indicada em pacientes adultos (>18 anos) com sepse grave e alto risco de morte conforme o APACHE II (>25 e/ou disfunção de múltiplos órgãos). O risco de sangramento sempre foi a complicação mais temida em pacientes com condições predisponentes, cirurgias recentes ou drogas anticoagulantes de uso concomitante.
Na sequência dos estudos, a alfa-drotrecogina ativada mostrou-se inefetiva no tratamento de sepse em crianças. Em 2007, novo estudo foi delineado para verificar sua utilidade em adultos com sepse grave e menor risco de morte (APACHE II < 25 e/ou disfunção isolada de órgão), mostrando-se ineficaz comparada ao placebo. Em todos os novos estudos e revisões, sempre ficou em lugar de destaque o risco de sangramento significativo que a droga trazia aos pacientes comparado ao benefício. Desde seus primeiros estudos, o risco de sangramento significativo chamou a atenção como grande efeito colateral da droga.
Em 25 de outubro desse ano, a empresa responsável pela fabricação da medicação decidiu por suspender a fabricação e proscrever seu uso após resultados desfavoráveis do estudo PROWESS-SHOCK, em que o uso da alfa-drotrecogina não mostrou diminuição de mortalidade comparado ao placebo em indivíduos com choque séptico.
Após uma curta e polêmica existência, resultados duvidosos e grande receio de sangramento com seu uso, a esperança de tratamento específico do estado inflamatório da sepse é adiada.
http://www.fda.gov/Safety/MedWatch/SafetyInformation/SafetyAlertsforHumanMedicalProducts ucm277143.htm
N Engl J Med 2001 Mar 8 344 699-709
N Engl J Med 2005 Sep 29; 353:1332-41
N Engl J Med 2001 Mar 8 344 699-709
N Engl J Med 2005 Sep 29; 353:1332-41
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